Um assunto que anda bastante na moda é o “internet das coisas” ou “IoT”, vinda do inglês Internet of Things. O termo foi utilizado pela primeira vez em 1999 para descrever um sistema onde os objetos poderiam ser conectados à internet. Mas o que é exatamente a internet das coisas?
A verdade é que não existe uma unanimidade na definição formal do que é exatamente a internet das coisas, mas ela é bastante utilizada para definir a revolução na utilização da internet que vivemos hoje. Para se ter uma noção, quando criado o sistema IPV4 de IPs (Internet Protocol), em 1983, existiam 4.294.967.296 de endereços possíveis, que na época parecia um numero absurdo. Em 1998, com a entrada da internet em ambientes comerciais, já foi percebida a necessidade de expandir esse número. O novo protocolo, o IPV6, tem disponível aproximadamente 3,4×1038 de endereços possíveis (esse número não vou escrever inteiro aqui não). Isso é quase 5×1028 de endereços por pessoa no planeta!
Onde se encontra a IoT?
Antigamente a internet ligava apenas computadores a computadores de uso exclusivo militar e de algumas poucas faculdades enquanto hoje em dia até um tênis pode ter acesso à internet. Além da necessidade de muito mais endereços de IP, essa revolução na internet traz muitas outras características pro meio. O fato de ter tantos dispositivos conectados à rede literalmente revolucionou o modo em que vivemos.
Na indústria, especialistas chegam a falar que a internet das coisas está trazendo a quarta revolução industrial, também chamada de Indústria 4.0. Nas ‘fábricas inteligentes’ vários sistemas passaram a ser distribuídos, com processamento no local. Os sensores e atuadores apenas enviam, através da internet, os dados para um software remoto, ou para a nuvem. Isso fez com que várias empresas se modernizassem, tendo que mudar até o modo como é feita a administração.
No nosso dia-a-dia, geladeiras e carros conectados à rede já são realidade. Além deles, temos um dispositivo IoT que não sai de perto, tão essencial, mas que embarca muita tecnologia e nem nos damos conta, o telefone celular. Os aparelhos de hoje têm milhões de vezes mais poder computacional que a missão que foi para a lua, em 1969. A tendência é que os dispositivos estejam mais conectados conosco e façam parte do nosso cotidiano de uma forma tão natural que nem percebemos mais. Existe até uma categoria de dispositivos que ‘vestimos’, como o Google Glass, por exemplo.
Somada à conexão com a internet, outro aspecto interessante da internet das coisas é a quantidade de dados que se consegue a partir dos dispositivos. Atualmente são produzidos algo na ordem de 1018 bytes de dados todos os dias. Para essa quantidade de dados, a estatística convencional já não funciona mais e é necessária a utilização de outros termos da moda como “Big Data” e a “inteligência artificial”. Grande parte disso se dá pelo barateamento dos sensores de diversos tipos. Hoje, qualquer dispositivo embarca um sensor e com ele vêm os dados que compõem esses valores astronômicos.
O que você pode fazer com a internet das coisas?
Felizmente, o barateamento dos dispositivos os torna mais acessível ao público geral. Em outro post, falamos das diversas ideias promissoras da internet das coisas só aqui no Brasil. Particularmente, é uma das minhas motivações do meu trabalho: se até pouco tempo só engenheiros tinham acesso a esse tipo de tecnologia e mesmo assim já chegamos tão longe e tão rápido, onde podemos chegar com ‘pessoas comuns’ desenvolvendo produtos baseados nessas tecnologias?
Existem diversas placas de desenvolvimento de projetos e prototipagem bastante acessíveis. Da Raspberry Pi ao ESP8266, qualquer um pode tirar sua ideia do papel e desenvolver uma aplicação IoT baseada na sua experiência de vida para solucionar problemas encontra pelo caminho.
Claro que existem problemas envolvidos com essa revolução, questões de segurança e privacidade dessa chuva de dados são discutidas frequentemente. Por exemplo, seria ético que seu plano de saúde recebesse os dados do seu batimento cardíaco e resolvesse te cobrar a mais por isso? No meio dessa discussão, alguns especialistas chegaram até a criar um manifesto IoT, para guiar desenvolvedores e tentar direcionar a tecnologia para trazer mais benefícios à sociedade.
De qualquer forma, a internet das coisas é uma realidade, tanto para o presente quanto para o futuro. Até o governo, que geralmente é mais atrasado, já criou um fundo de incentivo especialmente para a internet das coisas.
Se você tem alguma ideia que gostaria de por em prática não existem mais desculpas para não fazer, a própria internet está repleta de conteúdos (como o nosso blog) que podem te auxiliar na hora de tirar o projeto do papel. Você pode nos ajudar a melhorar o blog comentando abaixo.
Massa, André!
Até eu que sou leigo, quando trata-se de tech, entendi.
ótimo artigo!
Conheci hoje o blog e a placa Raspberry Pi. Tudo muito interessante, especialmente para nós que pensamos em introduzir as crianças e adolescentes no mundo tecnológico, como pessoas criativas e não apenas meramente consumidoras.
André, artigo muito bacana!
Valeu Pedro!
Gosto de verdade das possibilidades que o futuro nos aguarda 🙂
Abraços!